Os últimos anos que passamos com uma recessão bastante acentuada, parecem estar ficando para trás, mas se analisarmos com mais profundidade o mercado neste ano, veremos que existem muitas consultas, mas ainda com pouquíssimos fechamentos de vendas. Nos negócios B2B, temos muitos projetos já fechados e adjudicados com as empresas de construção e montagem (EPCistas), mas elas só irão ao mercado realizar as compras próximo ao final do ano.
Temos muita informação de investimentos aprovados, mas ainda pouca ação. As indústrias continuam com pouco trabalho e equipes reduzidas. E é neste ambiente de trabalho que encontramos o termômetro onde nascem os projetos e investimentos.
Acredito que ainda demandará um tempo para que os investimentos aprovados cheguem até o mercado de trabalho e de fornecimento. A continuar com o otimismo que está sendo percebido no meio empresarial e anúncio de novos empreendimentos, há uma tendência que o consumo deverá aumentar, pois aqueles que se precaviam com a possibilidade de uma piora no cenário passarão a liberar as contratações e compras, assim que sentirem uma melhora efetiva no mercado. O investimento deve ser utilizado para garantir a produção quando aumentar a demanda.
As informações coletadas apontam para um segundo semestre melhor, mas é mais sensato afirmar que a real melhora deverá ocorrer no início de 2020.
Os investidores relacionam a nossa economia com dois fatores:
- PIB acima de 2.7% (o que não está ocorrendo), o que significa que dificilmente teremos crescimento aceitável neste ano; e,
- Investimentos de capital estrangeiro, que é o que faz o país crescer, mas infelizmente até o momento está abaixo do esperado.
O que está ocorrendo é que se a demanda não crescer, dificilmente teremos novos investimentos, pois estão diretamente relacionados.
Na indústria nacional ainda temos muitas empresas trabalhando com capacidade ociosa e até que tenhamos uma demanda maior, o cenário não deve mudar. Em contrapartida, aumentando a demanda, a capacidade ociosa irá acabar, provocando a entrada de novos investimentos, fazendo com que o círculo virtuoso da economia se restabeleça. Como exemplo, a siderurgia nacional esta com 40% de ociosidade. Isto aponta falta de planejamento e de investimentos em infraestrutura. Ou seja, o cenário não mudará tão rapidamente quanto todos gostaríamos.
Outro dado muito importante é a geração de empregos, pois com a quantidade atual de desempregados, ou atuando na economia informal, o consumo está baixo, e a demanda não irá aumentar na velocidade esperada pelo mercado. A geração de novos empregos está relacionada à aprovação dos investimentos anunciados e a efetiva negociação com o mercado. Com o PIB abaixo de 3%, o país que não cresce sequer o necessário para gerar emprego aos novos profissionais que entram no mercado de trabalho anualmente.
O governo necessita de uma política que consiga estimular a economia, diminuir os impostos, fechar as torneiras para os desvios, reduzir o tamanho da máquina administrativa, fazer os leilões e as PPP’s, estimular a Construção Civil, dentre outras medidas, mas todas estas iniciativas demandam um tempo entre o projeto e a execução, o que não deve ocorrer no decorrer deste ano.
Resumindo, o mercado mostra-se mais otimista, o que nos leva a crer que 2019 será um pouco melhor do que 2018, mas ainda bem abaixo do necessário para nossa economia reagir com retomada dos empregos, entrada de investimentos de expressão e consequentemente um acréscimo do volume de vendas neste ano.
Paulo Torrezan
Engenheiro, palestrante e consultor de empresas. Possui mais de 36 anos de experiência em vendas, desenvolvimento de negócios, gestão de equipes, planejamento estratégico de vendas, planejamento comercial. Orienta equipes de vendas para o atingimento de metas, conquista e fidelização de clientes.
Especialista em Gestão Estratégica e Inovação, pela Copenhagen Business School (Dinamarca) e em Negociação pela University of Michigan (EUA).